Diário da Bodyboarder Lorraine Lima – A Pororoca

quarta-feira, 2 de junho de 2010


Recebi o convite um pouco antes do mundial de Búzios, por e-mail. Vários títulos mundiais, várias gerações. A “nata” do bodyboarding mundial estava indo pra pororoca. Está começando nosso ano e embalada por um bom resultado no mundial fui encontrar minhas amigas e fazer um surf bem diferente do habitual.

Saindo do Rio encontrei Mariana Nogueira, Jéssica Becker, Maira Viana e o cinegrafista Rodrigo “Zoreba”. Escala em Fortaleza onde embarcaram Isabela Sousa e o organizador e surfista de maré Marcelo Bibita. Fomos recepcionados em São Luis (MA) pelo presidente da Abraspo Noélio Sobrinho e a atleta paraense Xandinha para uma churrascaria. Então buscamos Neymara Carvalho e Naara Caroline para completar o time. Muito chão ainda pela frente. Algumas horas de ônibus e estávamos na cidade de Arari (MA), terra da melancia. Fomos instalados na pousada e em algumas horas o barco iria partir. Sorteamos as baterias e tratamos de dormir e descansar.

Acordamos 6 da manhã e partimos numa viagem de 20 minutos de ônibus até o Rio Mearim. Todos estavam muito alegres e ansiosos para surfar o fenômeno do encontro das águas. Eu competi contra Mariana na quarta e última bancada. As primeiras a caírem na água foram Neymara e Mayra. E lá veio ela quebrando de um lado ao outro da margem, lindo de se ver, a esquerda estava linda e as duas surfaram muito bem. Neymara deu um rolo que empolgou todas.

Na segunda bateria caíram Naara e Jèssica. A ondulação teria perdido a força naquela bancada e Jéssica ficou pra trás da onda logo no começo sendo desclassificada. Decepção ao ver a falta de sorte dela. Pulam do barco Xandinha e Isabela Sousa para a próxima bateria onde Isabela levou a melhor depois de sentir a onda por alguns minutos até Xandinha sair da onda e assim manobrar com facilidade.

Não sei em qual momento o Zoreba perdeu a câmera pros três pretinhos (lenda local) mas logo formou-se uma confusão de barcos e atletas em frente a onda, eu e Mariana demoramos a pular perdendo grande parte da onda. Mariana posicionou-se melhor e manobrou bem enquanto eu ficava presa a espuma tentando passar a sessão e logo que consegui vi Mariana ficando pra trás e logo segui o mesmo trajeto. Que decepção! Fiquei triste por não ter aproveitado a onda mas logo passou pois eu sabia que teria mais dois dias pra surfar.


De volta ao hotel fomos dar entrevista na rádio local. Depois fizemos uma reunião onde decidimos que por não ter premiação em dinheiro deveríamos todas aproveitar a primeira bancada, a mais forte com a maior onda. Entramos todas juntas no dia seguinte. Jantamos e dormimos muito cansadas.

O segundo dia foi na minha opinião o mais divertido e proveitoso de todos. Surfamos por muito tempo todas juntas a onda da pororoca, num espírito de equipe, amizade e diversão que há tempos não sentia dentro d´água! Somos todas muito amigas mas na hora da competição amigos amigos negócios a parte! Não tinha nada daquilo, passávamos uma em cima da outra, revezamos as manobras, sempre ás gargalhadas, aproveitando cada momento! Na volta muitas entrevistas e fotos para os fãs que se amontoavam em meio ao som do forró do barzinho a margem do Rio Mearim.

Um breve descanso na pousada e o almoço na casa do prefeito da cidade. Sr Leão estava a vontade e nos recebeu com muito carinho. Estávamos tão a vontade que logo o deck da casa dele virou palco de back-flips, aéreos e muita risada. Muito churrasco e quando eu já estava satisfeita ainda surgiu um almoço com peixe, pato e carne de porco.

No hotel e ficamos horas rindo no quarto com as histórias do Circuito Mundial. Dei tanta risada que fiquei com dor de cabeça. Dormi e não saí nem pra jantar. Perdi o jantar e a homenagem que fizeram em praça pública num show com algumas mil pessoas. Mas não tinha surfado a pororoca como queria e sabia que poderia surfar e resolvi descansar.

Já tinha enfrentado a Pororoca do Amapá com meu grande amigo Serginho Laus onde pude sentir pela primeira vez o feeling Auera Aura. Ali era diferente pois a cidade era perto da pororoca - no Amapá a gente ficava o tempo todo no barco, mais selvagem mesmo, dormíamos em redes, escutávamos o barulho dos animais e da pororoca a noite- e dormindo na pousada em meio a tantos flashes eu já nem esperava que teria que embrenhar- me em selvas e rios. E foi assim mesmo que aconteceu no terceiro dia.

Acordamos mais tarde que os outros dias. Deu tempo de tomar um café e escutar as histórias da “ noite anterior”. O clima era o mesmo, descontraído e feliz. Rolou guerra de lama. Até a lancha em que eu, Jéssica e Maira encalhar. Todos longe, o orçamento apertado. A equipe não dispunha de rádios, alguns jets estavam dando problemas também e ficamos pra trás. Bibita jogou-se na água e foi remando em direção a pororoca. Estava descansada da noite anterior, tratei de pular e tentar pegar a pororoca. Começamos remando pelo rio, atravessamos uma bancada a pé pela margem, corri na lama, onde atolei algumas vezes, corri em cima da bancada de areia dura, andei mais um pouco dentro do rio e voltei a remar. Naquele momento passou um Jet e já fazia meia hora que estava naquela que parecia ser uma cena do programa No Limite. Pulava e gritava feito louca para o Jet me pegar, mas o piloto deixou a Jéssica e voltou buscar a Maíra. Fiquei louca de raiva!! E então Bibita disse:


- Rema ela ta vindo! Se não remar vai ficar pra trás.- E eu vi uma espuminha daquelas que você vê uma criança de dois anos brincando na praia. Ela tava acabando. Claro que voltei pra beira chorando feito uma criança. Jèssica se sentia da mesma forma mas logo a tristeza passou. No mesmo dia fomos embora. Ficou a vontade de quero mais!

Auera Auara!

Lorraine T. de Lima
Patrocínio Roxy

Apoio Gênesis, Prefeitura de Curitiba
Cel (21)7812-2454
ID 55*135*8629

Imagens: Arquivo Pessoal da atleta
Por: Elmo Ramos

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